Un mundo hispánico con hegemonía luso-brasileña, tesis de Agostinho da Silva (1957)

“O que o mundo espera”[1]

Poderia um Portugal que tivesse sido inteiramente fiel, e nunca se é fiel senão quando se é inteiramente fiel, à sua vocação de se descentralizar e de se transportar, na sua acção e no seu espírito, para além do mar, poderia um Portugal, com o seu centro administrativo em terras de África, provocar a formação da terceira força capaz de desfazer a antinomia que se levantou no mundo, e se levanta em cada espírito individual, entre o bloco soviético, que traz consigo uma forma de economia de futuro adaptável às exigências da técnica e aos desejos matérias da humanidade, e o bloco norte-americano que defende, com todas as limitações que possa ter, o direito à liberdade de que o homem não pode prescindir.

agostinhoA primeira aproximação teria de se fazer entre a Federação portuguesa e a Federação brasileira, para onde passou, pela massa de população, pelo peso da economia e pela importância no âmbito das decisões americanas e mundiais, o centro de gravidade do mundo de fala portuguesa. É esta uma realidade de que o próprio Brasil se não apercebeu ainda e que é naturalmente mais difícil de entender a gente formada no ambiente limitado do Portugal continental. E é, no entanto, uma realidade de que ambos os países precisam de tomar inteira e rápida consciência, sob pena de nem Portugal nem o Brasil poderem cumprir a sua missão. Têm de se aproximar os dois grandes núcleos, para além de toda a zona de acordos e tratados, que só são de entender quando se lavram entre estrangeiros; no dia em que Portugal se descentralizar e de deseuropeizar, equiparando-se por aí ao Brasil, que também por essa altura poderá ter deixado de ser muito, e às vezes demasiado, seguidor de linhas europeias, quer sejam as europeias da própria Europa, quer sejam as europeias da América do Norte, no dia em que duas Federações sejam originalmente e orgulhosamente tropicais, nesse dia, o que deve existir não é nenhum acordo, sempre de algum aspecto comercial, mas uma inteira união de dois blocos: uma Confederação dos povos de língua portuguesa.

De qualquer modo, a presença do Brasil é desde já indispensável nas terras portuguesas de além-mar. Ninguém sabe quais os caminhos que a História escolherá para se realizar e acontece mesmo muito frequentemente que ela vai por fora do que poderíamos chamar o espaço de inteligência do homem. Pode ser que algum dia, pelas hesitações ou os erros políticos da metrópole ou pelos imprevistos, já mais ou menos previstos, dos acontecimentos europeus, as antigas colónias se tenham de tornar independentes sem o acordo de Portugal metropolitano ou até com sua oposição; nesse momento, que será fatalmente de ressentimentos e de represálias, só a presença do Brasil, sobre o qual não haverá nenhuma suspeita de imperialismo ou de racismo, poderá manter as novas nacionalidades dentro da órbita das tradições da cultura portuguesa e ajudá-las a passar mais rapidamente pelas experiências de autonomia que o próprio Brasil, sem guia algum, teve já de afrontar na sua história.

Depois de se construir uma Confederação de povos de língua portuguesa, o que será possível somente com um Portugal centrado nos trópicos, a tarefa seguinte será a de trazer à sua unidade fundamental o mundo hispânico. Até agora, e salvo intervalos brevíssimos em que, por um motivo ou outro, não tem sido Castela capaz de manter sob o seu domínio os outros povos espanhóis, a Península, exceptuando naturalmente Portugal, tem conservado a sua unidade à custa da sua liberdade. Galiza e Catalunha e o país dos Bascos, para só falarmos dos de maior individualidade, têm sofrido há séculos a ocupação de um país estrangeiro que lhes não tem dado direito ao livre uso de sua língua, de sua literatura, de sua mentalidade; que lhes não tem dado direito ao livre desenvolvimento de sua história; que nunca os deixou colaborar, por serem livres na invenção do vário, numa real unidade de Espanha.

É evidente que se trata em primeiro lugar de lhe reconhecer o direito de voz individual no conjunto espanhol; mas é também evidente que, dadas as características psicológicas dos povos espanhóis e dados os ambientes económicos que pesam sobre a parte central, a liberdade de modo algum significará a concórdia e a possibilidade de um trabalho em comum; toda a tentativa de Castela para manter unidas as outras regiões trará suspeitas das antigas dominações, como toda a tentativa dos recentemente libertados parecerá a seus irmãos uma pura substituição da Meseta. E aqui entra, como meio de solução, o que foi, desde o início da história de Portugal, uma das limitações da sua acção: o afastamento da Galiza; a primeira federação peninsular seria a da Galiza com o Portugal continental, e é à volta desse núcleo que se poderia penar em dispor os bascos e os catalães e a mourisca gente do Sul; Castela só viria por fim, quando já não fosse possível a ninguém a hostilidade ou o receio e pudessem os castelhanos, livremente também, trazer ao conjunto a audácia, a energia e, agora, a construtora e inovadora violência de seu temperamento.

A unidade dos povos espanhóis, ou pelo menos de língua espanhola, da América, com todo o enriquecimento trazido pelas raças indígenas, onde elas puderam escapar da violência das ocupações, terá, como a da Península se faria em torno de Portugal, de se realizar na América em torno do Brasil; processo naturalmente mais longo e mais difícil, porque terá de assentar numa real independência económica de cada uma dessas nações, numa estabilidade de regime político, num “status” interno que traga a seu devido lugar os povos indígenas, e depois na constituição de federações regionais, antes que se possa pensar em qualquer espécie de acção comum. Seja como for, a realização da unidade peninsular e a influência de uma comunidade que abrangeria todos os territórios espanhóis ou de língua portuguesa da Europa, África e Ásia e o Brasil, não poderia deixar de se fazer sentir num sentido agregador e disciplinador sobre os povos hispano-americanos.

[1] In O Estado de S. Paulo, S. Paulo, 27/10/1957.

Fuente: http://associacaoagostinhodasilva.blogspot.com.es/2012/08/de-agostinho-para-uma-confederacao-de.html?m=1

Crónica de la conferencia “Iberofonía e intercomprensión. El valor estratégico del bilingüismo en La Raya”

El pasado día 25 de noviembre de 2017 se celebró en Real Sociedad Económica Extremeña de Amigos del País, sita en la rayana Badajoz, la citada conferencia que contó con una importante presencia de portugueses, tanto entre los ponentes como en asistentes. El acto fue convocado por el conjunto del “movimiento iberista”, expresión que repitió a lo largo del mismo. Concretamente las organizaciones convocantes fueron: el Partido Ibérico Íber, la Plataforma por la Federación Ibérca y el Movimento Partido Ibérico.

Aimagen 3ntonio García Salas, vicepresidente de La Económica y promotor del Corredor del Sudoeste Ibérico, hizo las veces de anfitrión. Afirmó que “en un mundo diversos mientras unos quieren levantar fronteras, otros trabajan para derribarlas”.

Pablo González Velasco, economista y doctorando en Antropología Iberomericana, intentó clarificar conceptos en torno a la iberofonía y a la intercomprensión que ya están circulando en medios académicos, diplomáticos e incluso políticos. Señaló que “existen muchas lenguas comprensibles entre sí, pero las dos únicas globales son el portugués y el español”. “La intercomprensión puede convertirse en un método educativo y una forma de creación de una comunidad compartida consiguiendo que cada uno hable su idioma nativo y que el diálogo tenga éxito. Evidentemente será necesario un esfuerzo educativo y mediático del lado español. Esto es así porque a pesar de la evidencia de la intercomprensión escrita, en la oral no es bidireccional por la limites de la fonética española. Además en Portugal ya estudian un 23% de alumnos el español. Una situación por la que nos mostramos satisfechos porque no aspiramos a un bilingüismo en Portugal más allá de La Raya. En España, sólo Extremadura y Galicia están impulsando el estudio del portugués”.

Pablo González recordó que La Raya, a pesar del testimonio de las numerosas fortalezas, o incluso gracias a ellas, es «la frontera más estable y antigua de Europa. Una frontera que para la población rayana no existía». Mencionó la importancia de convertir a La Raya en un lobby y una marca global especialmente en el sector educativo y turístico. Citando al primer ministro de Portugal, António Costa, «es esencial y estratégico para ambos países que asuman La Raya como una nueva centralidad y un punto de unión para crear una verdadera comunidad ibérica». Por otro lado, “Extremadura puede aprovechar la proyección global de la Raya que no es otra cosa que la Iberofonía: 750 millones de hablantes de portugués y español”, sentenció. Por último, expresó la «necesidad de un acuerdo recíproco entre el Instituto Cervantes y el Instituto Camões, para la enseñanza de ambos idiomas. De hecho ambos autores eran bilingües e amaban la lengua vecina. La alianza debe ser win-win para que ambos idiomas crezcan.».

imagen 1Paulo Gonçalves, presidente del Movimento Partido Ibérico, líder político de Covilhã, que lleva proponiendo una confederación entre España y Portugal desde el año 2012, señaló la importancia de la Declaración de Lisboa, debatida y negociada a fondo entre el Partido Ibérico Íber y el Movimento Partido Ibérico, posteriormente suscrita por la Plataforma por la Federación Ibérica. Gonçalves, que también habló en nombre del Íber, mencionó como para un iberista es perfectamente compatible amar a España y amar a Portugal. Incluso «hay españoles que aman a Portugal más que algunos portugueses. Y portugueses que aman España más que algunos españoles». Afirmó que para la comunidad rayana nunca existió frontera y que los únicos que vivían de espaldas eran los gobiernos de Madrid y Lisboa. Hizo referencia a hechos históricos relevantes para el iberismo como fue el Tratado de Tordesillas, la figura de Rui Gomes da Silva, un portugués muy influyente en la vida y política del reinado de Felipe II, y por último la la sintonía entre Mario Soares y Felipe González.

imagen 2

Ignacio Terrinca, en nombre de la Plataforma por la Federación Ibérica, explicó los objetivos de dicha Plataforma: “Fomentar y proponer políticas de convergencia entre España y Portugal en todo tipo de aspectos, principalmente en el ámbito cultural, lingüístico y cultural. Favorecer el estudio de lenguas ibéricas poniendo en valor la Iberofonía. Dar a conocer a la sociedad las ventajas de la hipotética federación entre España y Portugal, utilizando todo tipo de canales y medios de comunicación. Llevar al debate político de ambos países la posibilidad de la Unión Política de los Estados Ibéricos”.

programa definitivo

Ana Paula Laborinho, expresidenta del Instituto Camões, especialista en la lusofonía asiática y actual directora de la Oficina de Portugal de la Organización de Estados Iberoamericanos (OEI), afirmó que la “lengua es poder”. En ese sentido, las investigaciones científicas escritas en español y portugués deben tener “repositorios conjuntos” y tener el máximo de cooperación, frente a la hegemonía anglosajona. Ejemplificó como en el día a día de organizaciones internacionales iberoamericanas, e incluso en el pasado la Unión Latina, se produce la intercomprensión de facto y cada uno usa su propia lengua ibérica. La OEI considera la iberofonía como una comunidad de hablantes. Asimismo, reveló que entre sus tareas que ahora asume está la de crear una red académica de intercomprensión.

iberofonia1El profesor de Economía Regional de la Universidad de Extremadura y teórico de la Eurociudad Elvas-Badajoz-Campo Maior, Luis Fernando De La Macorra, realizó una exposición en torno a la evolución y los retos de la Eurociudad como futura agrupación europea de cooperación, pero también de la importancia estratégica del corredor del sudoeste ibérico y como éste se relaciona con el proyecto de Iberia y la Iberofonía. Subrayó que de ningún modo Extremadura está en una situación objetiva periférica. Está dentro de la “diagonal continental ibérica y europea”, que enlaza Lisboa, Madrid y Barcelona.

Pablo Castro, profesor de Orientación y Formación Laboral y Coordinador Erasmus, presentó una batería de propuestas concretas para la acción. Entre ellas: “Plan de Toma de Conciencia de la frontera punto de encuentro. Implantación del Portugués como asignatura optativa en toda España. Creación de Certificado de Comprensión del Idioma Portugués. Impulso de Ciudades de estudio de las 2 lenguas. Declaración simbólica de la Raya como zonas de Comprensión y Bilingüe, español, portugués (y gallego en frontera gallega). Desarrollo Medios de comunicación Bilingües”. Pablo Castro consideró que el plan de acción pasa por “favorecer un sentimiento rayano de comunidad de Norte a Sur”, dar a conocer este Valor en toda la península y a nivel internacional, y para ello se necesita “apoyo institucional, Cámaras, Ayuntamientos, CC.AA. Gobiernos, U.E.”, que incluya “publicidad institucional de las ciudades y pueblos”.

Por último, uno de los asistentes, Joao, portugués de Évora, residente en Madrid, afirmó que “Portugal es el único país lusófono que pierde población”. Consideró que Portugal necesita del iberismo para remontar esta situación. “Hay algo que nos une a los portugueses, tanto a los iberistas como a los antiiberistas: no queremos que nos ignoren. Tenemos necesidad de que sea conocida y reconocida nuestra cultura y lengua en España”. Una afirmación que fue correspondida con un fuerte aplauso que dio fin al evento.

Después del acto de Badajoz, parte de los participantes cruzaron La Raya y almorzaron en ambiente de confraternización en Elvas.

imagen 4